Juventude como símbolo de transgressão

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O termo juventude é relativamente novo. A falta de higiene e o pouco avanço medicinal até os anos de 1800 fazia com que a expectativa de vida chegasse a 40 anos. Na época de Jesus, por exemplo, quem tivesse 30 anos era um senhor ancião. Em sentido de comparação, nos dias atuais, o homem precisa comprovar que trabalhou 35 anos para conseguir uma mísera aposentadoria.

Sendo assim, mal havia adolescência a quem vivesse, no máximo, 40 anos. Imagine experimentar a juventude que, iniciou a sua definição somente no século XX. Neste sistema econômico atual, com a longevidade e a população crescendo nas estatísticas ao redor do mundo, logo as condições para se ter independência financeira vão se estreitando aos mais velhos e, acredite, o período de preparação à vida adulta – a juventude – vai se espichando com o passar das gerações.

Embora a juventude seja um conceito recente, não é de hoje o conflito entre gerações. Acredite, as experências de cada geração vão influenciar na escolha e identidade dessas pessoas. Logo, avôs educam pais diferente de como educam filhos que vão educar diferente os netos.

Lembre-se das aulas de História o quanto era comum que reis e imperadores casassem com suas primas, sobrinhas e parentes. Pior era saber que até o século XIX, eram os pais quem escolhiam os maridos de suas filhas. Também era natural que os brancos considerassem superiores do que outras raças, a ponto de aceitar escravizar índios e negros.

Fumar foi sinônimo de elegância e sedução. E não faz muito tempo que as mulheres decidiram reivindicar seu espaço no mercado de trabalho. Garanto que até hoje há a guerra dos sexos. Enfim, mentalidades carregadas afinco por nossos antepassados que, hoje, classificamos como incorretas. Tabus que precisaram ser quebrados ao passar das gerações.

Portanto, o choque cultural entre pais e filho são tão naturais à humanidade que podem ser provados em textos pré-históricos. “Quando eu era menino, ensinavam-nos a ser discretos e a respeitar os mais velhos, mas moços de hoje são excessivamente sabidos e não toleram restrições”, disse Hesíodo há 2800 anos.

Você ainda acredita que foi a pior classe do seu colégio como alguns professores teimam em dizer? Escute a lamentação de Sócrates: “Nossos adolescentes são propensos a ofender seus pais, monopolizam a conversa quando estão em companhia de outras pessoas mais velhas; comem com voracidade e tiranizam seus mestres”.

Enfim, o novo sempre assustou a humanidade. E, portanto, sempre pertenceu ao adolescente, moço e, agora, jovem, a característica do comportamento transgressor, como um problema social. Já faz milênios que a sociedade costuma marginalizar as atitudes dos mais novos. E, por experiência, aprenda que, nessa falta de acolhida e diálogo, a exclusão sempre ocorre ao menos favorecido. Nesse caso, a juventude.

Dentro dessa perspectiva, levantaremos durante esta semana alguns dados sobre a marginalização da juventude a partir de estudos, estatísticas e argumentos. Fique de olho em nosso blog a partir de amanhã.

Leia mais: Os conceitos de juventude | O jovem em estatísticas

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