As principais vítimas da violência no Brasil

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Apesar de ser pentacampeão no futebol, o Brasil amarga outros títulos não tão agradáveis, sendo um dos cinco países com maior número de assassinatos. Mais de 1 milhão de pessoas foram vítimas de homicídios no país nos últimos 30 anos, segundo o Mapa da Violência 2012 — Os novos padrões da violência homicida no Brasil, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz para o Instituto Sangari.

O levantamento aponta que entre 1980 e 2012 houve um aumento de 124% no número de homicídios no país (2,7% a cada ano) e que as mortes violentas passaram de 13.910 casos registrados, em 1980, para 49.932, em 2010. No total, foram quase 1 milhão e 100 mil assassinatos no período — um aumento que chega a 259% nas últimas três décadas (4,4% anuais, em média).

Alguns podem dizer que o grande número de casos é porque o Brasil tem milhões de habitantes e, portanto, não é violento. Mas comparando com os números de homicídios entre o país-continente e os 12 principais conflitos armados no mundo (Iraque, Afeganistão, Paquistão, Índia, Israel, blábláblá) entre os anos de 2005 a 2007, acredite, o Brasil vence: 192,8 mil assassinatos contra 169,5 mil.

O estudo indica ainda, nos últimos sete anos, uma tendência de queda na taxa de assassinatos registrada nas capitais e aumento contínuo no interior do país. Enquanto nas grandes cidades a taxa passou de 44,1 casos, em 2003, para 33,6, em 2010, nas cidades do interior houve um crescimento de 16,6 mortes, em 2003, para 20,1, em 2010 — número que ultrapassa a média nacional.

Nessa inversão de estatísticas do interior e capital, São Paulo foi o estado com maior queda nos índices da violência. A própria Baixada Santista, sexta região metropolitana mais violenta em 2000, caiu para a 25ª posição no ranking vermelho em 2010.

Embora, a nossa região tenha menos casos diagnosticados de homicídios, ainda é proporcionalmente a mais violenta de São Paulo, ao relacionar com as estatísticas de outras regiões, como Campinas e da Capital. Vale ressaltar que, em todos os municípios da Baixada Santista, o número de homicídios é maior durante o período de férias escolares, coincidindo quando a região dobra de tamanho populacional por conta de sua vocação turística.

Sim, existe um típico perfil das vítimas de homicídios no Brasil: homem, jovem (as gerações de 15 a 24 anos sempre apresentaram o maior número de casos) e negro. É difícil poder levantar as causas desse perfil, mas é fato constatar que um negro tem 92% mais chances de ser morto do que um homem de outra raça.

Se analisarmos os números de vítimas em nível nacional, percebemos que, já em 2002, o número de assassinatos na população negra era 50% maior que a população branca. Em oito anos, a proporção lamentavelmente mais que dobrou.

Quanto ao gênero, diversos estudos, tanto nacionais quanto internacionais já alertaram que as mortes por homicídios, inclusive entre os jovens, são ocorrências marcadamente masculinas. Os diversos mapas que vêm sendo elaborados desde 1998 confirmam esse fato.

Deles emerge uma constante: a elevada proporção de mortes masculinas nos diversos capítulos da violência letal do país, principalmente quando a causa são os homicídios. Assim, por exemplo, nos últimos dados disponíveis, correspondentes a 2010, dos 49.932 homicídios registrados, 45.617 pertenciam ao sexo masculino (91,4%) e 4,2 mil ao feminino (8,6%). E, historicamente, essas proporções não mudam praticamente de ano um ano para outro.

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