Morrem sem aproveitar a plena juventude

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1996. Quando o Antônio Fagundes era o galã da novela ‘O Rei do Gado’, a trilha sonora era privilégio de Zé Ramalho. Em sua canção, ‘os automóveis ouvem a notícia, / os homens a publicam no jornal’, e as redações anunciavam que a cada 100 mil jovens no Brasil, 41,7 eram vítimas de homicídios. Quinze anos depois, a taxa aumentou: 52,9 a cada 100 mil jovens são assassinados de forma violenta, intencionalmente na mão de outros. Dá para entender porque ainda faz sucesso o Charlie Brown Jr. e ‘que o jovem no Brasil nunca é levado a sério’.

Enquanto para 90,1% das crianças e pessoas maiores de 25 anos a mortalidade é atribuída a causas naturais, 75% dos falecimentos juvenis são por conta de causas externas. Isso signifi ca que somente em 2008, 33.370 jovens brasileiros não tiveram o direito de retornar aos seus lares, aos estudos, aos amigos por conta de assassinatos, acidentes de trânsito e até mesmo suicídios.

O sociólogo que planejou o Mapa da Violência do Brasil destaca que as vítimas de homicídio são preferencialmente a juventude. Por exemplo, há 65 homicídios para cada 100 mil jovens de 20 a 24 anos. Sim, 92,1% dos crimes são contra pessoas do sexo masculino. O que também é importante observar é que, desde 1994, “na faixa dos 14 aos 17 anos, os assassinatos crescem em ritmo assustador (63,1% em 2004)”, com pico nos 14 anos.

São Paulo. Embora o número de mortes juvenis tenha crescido no Brasil nos últimos anos, a região Sudeste é a única que teve uma baixa no número de jovens assassinados. Entre 1998 e 2008, por exemplo, caiu em 56,3% o número de homicídios no Estado de São Paulo, o menos violento do País. Contudo, ainda são 6 mil paulistas que nem tem a chance de abraçar os pais ao receberem o diploma da faculdade, porque morrem todo ano nas mãos da violência.

Baixada Santista. Em nossa região, entre 2006 e 2008, foram assassinadas 836 pessoas. Nessa lista vermelha, 304 sequer completaram 25 anos de idade. Em qualquer município, a taxa correspondente de homicídios na juventude supera 25%. Somente em Guarujá foram 85 jovens que perderam a vida. Mesmo sendo a terceira Cidade com maior população juvenil (53,7 mil), durante esse período Guarujá foi a campeã desse ranking sangrento. Santos (57,4 mil) e São Vicente (54,9 mil) têm o maior número de jovens habitando suas Cidades.

Em comparação com o tamanho populacional, Itanhaém e Mongaguá estão entre os dez municípios com as maiores taxas de assassinatos em São Paulo. Quando se trata de jovens, Itanhaém (18º), Praia Grande (22º) e São Vicente (26º) são as Cidades que concentram o maior número de homicídios.

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